Um certo anacronismo percorre as imagens de Singularidades de uma Rapariga Loura, resultado da transposição, por questões essencialmente financeiras, de um conto do século XIX para a Lisboa da actualidade. Os nomes (o do protagonista, Macário, à cabeça), os diálogos (religiosamente importados do livro, como não poderia deixar de ser), aquela brincadeira do Eça dentro do Eça, tudo parece fora de tempo, como que se toda a acção do filme se passasse numa bolha alheia à realidade e imperturbada por ela. Mais ou menos como cinema de Oliveira. O resto é o saber fazer do costume: aquela câmara teimosamente quieta que tudo faz tremer quando se desloca (e é preciso falar daquele travelling de esguelha entre salas), a beleza geométrica do plano da janela do quarto de Catarina Wallenstein, o arrebatamento que surge, logo na segunda cena, quando vamos vendo o país a passar pela janela do comboio onde falam Leonor Silveira e Ricardo Trêpa, a ilusão de fazer o complicado parecer tão simples. Enfim: he’ll outlive us all. E ainda bem.
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