O Dan Bejar que eu conhecia era outro: o homem recatado (a julgar pela obra), quase deliberadamente obscuro, que não obstante colaborar com projectos grandiloquentes como o que dá nome a este blogue, fazia a sua música mais pessoal e especial a solo, sob a bandeira Destroyer. Cantava “thou shalt not take place in or make bad art” como se de uma declaração de princípios se tratasse e fazia grandes discos como Streethawk: A Seduction (2001) ou Rubies (2006), pejados de canções memoráveis mas atravessadas por uma escrita críptica e torrencial, que faziam dele um daqueles músicos que quase apostamos poderem passar ao lado de uma carreira mais amplamente divulgada e reconhecida. Até ao aparecimento de um novo Destroyer: aquele que surge em Kaputt a dinamitar (get it?) o estilo anterior e a cavar um novo universo sonoro para si próprio, gloriosamente “desalinhado”, livre de etiquetas e constrangimentos, esparso, mais contido e com laivos electrónicos (Downtown é uma pequena maravilha) que não impedem que soe, ainda assim, completamente pessoal. Seja bem-vindo, senhor Bejar.
Dizia eu que o High Violet à primeira me tinha entusiasmado tanto quanto observar um cubo de gelo a derreter. À primeira. Deu-se o devido tempo ao tempo e continua a haver ali pedaços que eu não como. Mas ainda assim dou a mão à palmatória com todo o desportivismo. Espero que tenham lido o ípsilon ontem. O João Bonfácio é um exagerado de primeira mas há muita verdade nisto e em tudo o resto o que ele escreveu. Aquela descrição do fã-tipo dos The National está um mimo, amigos, um mimo.
De uma assentada três dos álbuns mais esperados deste 2010 andam por aí para qualquer alma ouvir antes do lançamento oficial. Parece que é moda. Se ainda não houve tempo para ouvir o novo daquela rapaziada canadiana que dá nome a esta casa, já passei os ouvidos pelo High Violet que à primeira me entusiasmou tanto quanto observar um cubo de gelo a derreter. Mas há esperança para o Verão. Os Hold Steady, parece-me, não sabem como falhar. Mesmo órfãos das teclas de Franz Nicolay, mesmo que não seja o melhor deles, Heaven is Whenever é máquina. Viva Santo Craig Finn e os Rock Problems, a banda sonora essencial para as tardes de sol que se avizinham. E viva o streaming.
E eis que chega a 2010 e vem a Joanna Newsom e o seu Does Not Suffice e rouba sem dó nem piedade o primeiro lugar da melhor música de sempre sobre uma separação (ou desamor) à About Today dos The National. É o que dá meter-se com o Bill.
Sempre fui mais Before Sunset que Before Sunrise. Logo, naturalmente, sou mais Contra que Vampire Weekend. Vá-se lá perceber isto.
The National confirmados no novo e (espera-se) melhorado Super Bock Super Rock.
Saber que o Franz Nicolay deixou os The Hold Steady almost killed me.
Gosto muito do Úria, do Fachada e de outros que tal, mas a espécie de cover que os O'queStrada fizeram da Killing Me Softly da Roberta Flack é uma das coisas mais inspiradas da música portuguesa de tempos recentes. Tasca beat ao (que resta do) poder.
jj n.º 2, dos suecos jj, ou a razão pela qual as listas de final de ano claudicam mais dia menos dia e ficam irremediavelmente obsoletas a menos que façamos com a música, os filmes ou outra coisa qualquer aquela coisa mágica que o professor Marcelo faz com os livros.
Os National partilharam com o Mundo o – presumível – esquisso da próxima digressão, na qual apresentarão o novo disco, nos escaparates em Maio, e o mesmo não inclui qualquer data em Portugal. Nem uma. Nem em Lisboa. A bizarra situação pode, e provavelmente vai, ainda ser resolvida a tempo de evitar males maiores, mas não deixa de ser chocante que uma banda que tem lutado taco a taco com os Metallica pelo galardão de comparência no nosso país, e que presumo tenha assinado contrato até 2020 com a Música no Coração, incorra num destes pecados por omissão a que estamos habituados por parte de bandas que não se chamam Nouvelle Vague.
Mas a sério: estamos à espera.
O Alex Scully disse ao João Bonifácio que hoje os Beach House podiam escrever o primeiro álbum num dia. Que exagero. Pensei eu. Depois ouvi de chofre o tal homónimo de 2006 e o Teen Dream e não me pareceu assim tão descabido. Vai uma diferença generosa entre 2006 e 2010. As tais guitarras em loop, redondinhas, foram-se. O orgão lânguido, o sampling garoto, também. Mas atenção, eu adoro o Beach House. O Master of None continua a ser um dos meus hinos. Mas, convinhamos, é sempre a mesma coisa. Em Teen Dream não há tentativas, não há repetições. É filigrana do início ao fim. Os Beach House continuam a ser miúdos (topem bem a doçura de Used To Be) mas arriscam-se ao épico (10 Mile Stereo é uma cavalgada dos diabos) e ainda querem gente a mexer o corpo (Lover Of Mine é sensualidade em barda). E pior de tudo é a comoção. Porque nunca a voz de Victoria Legrand foi tão fundo e nunca os Beach House fizeram músicas tão genuinamente emotivas (e bonitas) como Silver Soul ou Take Care. Moral da história, os Beach House são sempre bons, Beach House é uma bela composição da escola primária e Teen Dream é um romance. Porque os grandes romancistas tiveram de escrever bonitas composições na escola primária.
The xx na Casa da Música e Bill Callahan – um senhor – no Festival para Gente Sentada em Santa Maria da Feira. No Norte já se viveu pior.
Há um episódio algures na quarta temporada de Six Feet Under onde os Fisher fazem uma grande fogueira à porta de casa e arremessam para as labaredas uma porrada de quinquilharias (pois claro, quinquilharias). Expiação do princípio ao fim, portanto. A meio do ritual a atravessada da Claire vai ao quarto, colunas ao alto e tomem lá a Lucky dos Radiohead porque angústia nunca é demais. Soube a partir daí que a Lauren Ambrose nunca iria deixar de ser merecedora do meu girl love. Ao nível de me ter sido humanamente impossível dizer que The Return of Jezebel James era, como é de facto, um grande e fétido monte de lixo (pronto, consegui finalmente). Mas há razões para amar esta rapariga, afinal nos últimos anos tem andado a passear o seu talento pela Broadway e em personagens shakespearianas e, pasmem-se, acabou de se estrear como cantora jazz. E a propósito disso tomem lá, para quem tem saudades.
(o nome do postal é um roubo descarado da versão cromossoma XY desta casa)
Pitchfork: You were on "Jenny Jones"?
CF: Yeah! For a little bit, she had bands. The topic of the show we were on was Good Strippers vs. Bad Strippers. Good strippers stay true to the craft, while bad strippers might give you a little extra. Jessica Hopper was in the audience. It was pretty amazing. There's a lot of stuff from the Lifter Puller days that blows my mind.
Pitchfork: Were the strippers dancing while you were playing?
CF: No, they were watching. It kind of goes back to something that Tad and I always said: The Hold Steady is a great band, but Lifter Puller would probably be a better movie. It was just crazier. Steve Barone from Lifter Puller is kind of the X-factor. He's a unique person. I think people behave differently around him than they behaved normally. I don't know how else to explain it.
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